BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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sexta-feira, 12 de outubro de 2007

EDUCAÇÃO: O DISCURSO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

António Nóvoa, reputado estudioso em matéria de Educação (autor, por exemplo, do livro Evidente mente, Histórias da Educação), considerou, no Telejornal das 22h da RTP2, o gesto do Presidente da República (PR), no discurso de 5 de Outubro, «muito interessante» e «muito republicano.» E acrescentou: «A República teve um discurso muito retórico sobre a Educação desde o princípio.»
«Aliás, este gesto do PR faz lembrar um pouco o gesto de Manuel de Arriaga, que começou por citar o discurso [em que se dirigia] a um congresso de professores, dizendo que saudava os professores comovidamente e que a "pátria confia em vós", a "minha soberania é vossa" [em 1912].
«O PR retoma e renova este gesto. Curiosamente, tal como Nicolas Sarkozy em França, no mês passado, escreveu uma carta aos professores, retomando um gesto de 1883 de Jules Ferri. Nota-se, hoje em dia, e isso é muito interessante, na Europa, uma necessidade dos principais responsáveis políticos renovarem o contrato de confiança com os professores
«Temos professores de muita qualidade no sistema de educação português. Mas, curiosamente, e isso é uma coisa que dói um bocadinho a quem gosta do trabalho escolar, são muitas vezes os melhores professores e as melhores escolas que se sentem, hoje em dia, mais atacados e desmoralizados com certas críticas sociais sistemáticas
A jornalista Cecília Carmo questionou António Nóvoa se o discurso do PR não terá sido um aviso ao Governo e às políticas de educação.
«Certamente que sim. Há aqui por parte do PR a vontade de construir algumas pontes políticas. E de construir políticas que tenham a maior estabilidade no tempo. Julgo que é muito importante que se reconstruam as pontes de confiança entre os professores, a sociedade, o Governo . Nós podemos ter muitas opiniões, e é bom que as tenhamos, e perspectivas diferentes mas não podemos viver num clima permanente de suspeição e de crítica permanente.
«O relatório da OCDE 2005 tem como título "Teachers Matter", os professores contam, são importantes, fazem a diferença. «É preciso dar-lhes mais condições de trabalho e é preciso dar-lhes mais prestígio como diz o PR.
«Não é possível viver cinco, 10, 15, 20 anos em condições muito difíceis dentro das escolas e submetidos a uma permanente crítica social: crítica na Comunicação Social, crítica dos pais, da sociedade inteira. É preciso recuperar aqui um contrato de confiança .
«O professor Cavaco Silva diz que isto não é apenas um problema da escola, não é certamente apenas um problema dos professores, é um problema da sociedade portuguesa e, em primeiro lugar, dos pais e das comunidades [educativas].
«Portugal tem décadas e décadas de uma relativa indiferença em relação à escola . A sociedade portuguesa, desde sempre, nunca foi uma sociedade muito fundada na cultura escolar. [...] Esta resignação da sociedade portuguesa está-nos a custar muito caro. [...] Mas é preciso fazer um esforço muito maior.»
Há o «problema do desinvestimento que está a haver hoje em dia na Educação , tanto na educação básica e secundária, como na educação superior. [Lançou-se] a ideia para a sociedade portuguesa que se gastava demais na Educação para ter fracos resultados. Os fracos resultados é verdade.
O investir demais em educação nunca foi verdade em Portugal.
Foi verdade durante dois ou três anos. Em 1998, 1999 e 2000 nós aproximámo-nos da média europeia. Em dois séculos Portugal investiu dois ou três anos .«Estamos sempre aos solavancos. A sociedade portuguesa tem tido uma grande dificuldade em fazer aquele esforço inicial quase de lançar o comboio para que ele atinja uma velocidade de cruzeiro. Parece que estamos sempre num permanente solavanco e que fazermos um pequeno esforço, como estava a dizer, para nos aproximarmos do investimento e a sociedade parece que ficou cansada.
«Nos últimos cinco ou seis anos nós ouvimos milhares de pessoas sucederem-se nos écrans de televisão e nos jornais a dizer que Portugal gastava demais em educação. Não foram um, dois ou três. As nossas elites todas, os nossos colunistas todos, toda a gente veio dizer isso. Essas elites podem estar sossegadas porque no momento em que estão a falar nós estamos outra vez, depois de termos estado dois ou três anos na média, abaixo da média [europeia].
«Não é possível transformar uma situação de atraso de dois séculos sem termos um esforço de alguma continuidade . Nesse sentido, estou inteiramente de acordo com o comentário do Engenheiro José Sócrates, citando aliás uma frase famosa do presidente da Harvard University, quando diz que se pensam que a educação é cara, experimentem quanto é que custa a ignorância. Mas, isto não pode ser só discurso, tem que ser práticas políticas

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