BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

QUEM É VALTER LEMOS - SUBMISSO SECRETÁRIO DE ESTADO DAQUILO A QUE CHAMAM EDUCAÇÃO

Para quem assistiu ontem à PATÉTICA imagem do sr. Valter Lemos na TV a procurar explicar o inexplicável do encerramento de escolas e GREVE quase Geral dos professores, vale a pena, numa altura destas, recuperar um artigo de há 2 anos que mostra bem a quem estamos entregues e o estado a que chegou o ensino em Portugal.

tamos a falar portanto, de um governante que perdeu o mandato na CM de Penamacor por EXCESSO DE FALTAS INJUSTIFICADAS, que não é EXEMPLO PARA NINGUÉM e que, nem sequer tem moral para falar em rigor ou exigir. UMA VERGONHA

Não, sr. secretário de Estado.

Valter Lemos nunca participou em debates parlamentares, nunca, demonstrou possuir uma ideia sobre Educação. A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, tem aparecido na televisão e até no Parlamento, o mesmo não sucedendo ao seu secretário de Estado, ValterLemos. É pena, porque este senhor detém competências que lhe conferem um enorme poder sobre o ensino básico e secundário.

Intrigada com a personagem, decidi proceder a uma investigação. Eis os resultados a que cheguei. Natural de Penamacor, Valter Lemos tem 51 anos, é casado e possui uma licenciatura em Biologia: até aqui nada a apontar. Os problemas surgem com o curriculum vitae subsequente. Suponho que ao abrigo do acordo que levou vários portugueses a especializarem-se em Ciências da Educação nos EUA, obteve o grau de mestre em Educação pela Boston University. A instituição não tem o prestígio da vizinha Harvard, mas adiante. O facto é ter Valter Lemos regressado com um diploma na 'ciência' que, por esse mundo fora, tem liquidado as escolas.


Foi professor do ensino secundário até se aperceber não ser a sala de aula o seu habitat natural, pelo que passou a formador de formadores, consultor de 'projectos e missões do Ministério daEducação' e, entre 1985 e 1990, a professor adjunto da Escola Superior do Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Em meados da década de 1990, a sua carreira disparou: hoje, ostenta o pomposo título de professor-coordenador, o que, não sendo doutorado, faz pensar que a elevação académica foi política ou administrativamente motivada; depois de eleito presidente do conselho científico da escola onde leccionava, em 1996 seria nomeado seu presidente, cargo que exerceu até 2005, data em que entrou para o Governo. Estava eu sossegadamente a ler o Despacho ministerial nº 11 529/2005, no Diário da República, quando notei uma curiosidade. Ao delegar poderes em Valter Lemos, o texto legal trata-o por 'doutor', título que só pode ser atribuído a quem concluiu um doutoramento, coisa que não aparece mencionada no seu curriculum.

Estranhei, como estranhei que a presidência de um politécnico pudesse ser ocupada por um não doutorado, mas não reputo estes factos importantes. Aquando da polémica sobre o título de engenheiro atribuído a José Sócrates, defendi que os títulos académicos nada diziam sobre a competência política: o que importa é saber se mentiram ou não. Deixemos isto de lado, a fim de analisar acarreira política do sr. secretário de Estado.

Em 2002 e 2005, foi eleito deputado à Assembleia da República, como independente, nas listas do Partido Socialista. Nunca lá pôs os pés, uma vez que afunção de direcção de um politécnico é incompatível com a de representante da nação. A sua vida política limita-se, por conseguinte, à presidência de uma assembleia municipal (a de CasteloBranco) e à passagem, ao que parece tumultuosa, pela Câmara de Penamacor, onde terá sofrido o vexame de quase ter perdido o mandato de vereador por excesso de faltas injustificadas, o que só não aconteceu por o assunto ter sido resolvido pela promulgação de uma nova lei.

Em resumo, Valter Lemos nunca participou em debates parlamentares, nunca demonstrou possuir uma ideia sobre Educação,nunca fez um discurso digno de nota. Chegada aqui, deparei-me com umproblema: como saber o que pensa do mundo este senhor?



Depois de buscas por caves e esconsos, descobri um livro seu, O Critério do Sucesso: Técnicas de Avaliação da Aprendizagem. Publicado em 1986, teve seis edições, o que pressupõe ter sido o mesmo aconselhado como leitura em vários cursos de Ciências da Educação.

Logo na primeira página, notei que S. Excia era um lírico.

Eis a epígrafe escolhida:'Quem mais conhece melhor ama.' Afirmava seguidamente que, após a sua experiência como formador de professores, descobrira que estes não davam a devida importância ao rigor na 'medição' da aprendizagem. Daí que tivesse decidido determinar a forma correcta como o docente deveria julgar os estudantes. Qualquer regra de bom senso é abandonada, a fim de dar lugar a normas pseudocientíficas, expressas num quadrado encimado por termos como ' skill cognitivos'. Navegando na maré pedagógica que tem avassalado as escolas, apresenta depois várias 'grelhas de análise'.

Entre outras coisas, o docente teria de analisar se o aluno 'interrompe o professor', se 'não cumpre as tarefas em grupo' e se 'ajuda os colegas'. Apenas para dar um gostinho da sua linguagem, eis o que diz no subcapítulo 'Diferencialidade':'

Após a aplicação do teste e da sua correcção deverá, sempre que possível, ser realizado um trabalho que designamos por análise de itens e que consiste em determinar o índice de discriminação, [sic para a vírgula] e o grau de dificuldade, bem como a análise dos erros e omissões dos alunos. Trata-se portanto, [sic de novo] de determinar as características de diferencialidade do teste.'

Na página seguinte, dá-nos a fórmula para o cálculo do tal 'índice de dificuldade e o dediscriminação de cada item'. É ela a seguinte: Df= (M+ P)/N em que Df significa grau de dificuldade, N o número total de alunos de ambos os grupos, M o número de alunos do grupo melhor que responderam erradamente e P o número de alunos do grupo pior que responderam erradamente.

O mais interessante vem no final, quando o actual secretário de Estado lamenta a existência de professores que criticam os programas como sendo grandes demais ou desadequados ao nível etário dos alunos. Na sua opinião, 'tais afirmações escondem muitas vezes,[sic mais uma vez] verdades aparentemente óbvias e outras vezes 'desculpas de mau pagador', sendo difícil apoiá-las ou contradizê-las por não existir avaliação de programas em Portugal'. Para ele, a experiência dos milhares de professores que, por esse país fora, têm de aplicar, com esforço sobre-humano, os programas que o ministério inventa não tem importância. Não contente com a desvalorização do trabalho dos docentes, S. Excia decide bater-lhes:

'Em certas escolas, após o fim das actividades lectivas, ouvem-se, por vezes, os professores dizer que lhes foi marcado serviço de estatística. Isto é dito com ar de quem tem, contra a sua vontade, de ir desempenhar mais uma tarefa burocrática que nada lhe diz. Ora, tal trabalho, [sic de novo] não deve ser de modo nenhum somente um trabalho de estatística, mas sim um verdadeiro trabalho de investigação, usando a avaliação institucional e programática do ano findo.' O sábio pedagógico-burocrático dixit.

O que sobressai deste arrazoado é aconvicção de que os professores deveriam ser meros autómatos destinados a aplicar regras.

Com responsáveis destes à frente do Ministério da Educação, não admira que, em Portugal, a taxa de insucesso escolar seja a mais elevada da Europa. Valter Lemos reúne o pior de três mundos: o universo dos pedagogos que, provindo das chamadas 'ciências exactas', não têm uma ideia do que sejam as humanidades, o mundo totalitário criado pelas Ciências da Educação e a nomenklatura tecnocrática que rodeia o primeiro-ministro.

Maria Filomena Mónica
Público, 2007-09-30
Historiadora

2 comentários:

MFerrer disse...

ÚLTIMA HORA

Com os olhos esbugalhados pelo seu próprio desespero, Mário Nogueira veio aos gulosos tele-jornais dar conta de um baixar da guarda por parte do MEducação.

Veio contar que tinha desmarcado as greves regionais visto que o ME teria entregue os pontos e aceitado colocar sobre a mesa de negociações tudo e mais alguma cloisa.

Mário Nogueira foi longe demais e declarou expressamente que o Ministério teria mesmo aceite discutir com a Plataforma, o Estatuto da Carreira Docente a par de, pelos vistos, poder até suspender a Avaliação dos professores.

Nada mais falso!

Estou em condições de avançar que o ME acaba de fazer sair um comunicado esclarecedor.


COMUNICADO DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
21:00h, 5 de Dezembro de 2008

1 – Chegou hoje ao fim o processo de negociação das medidas tomadas pelo Governo no dia 20 de Novembro para facilitar a avaliação do desempenho dos professores.
2 – Os sindicatos, neste processo, não apresentaram qualquer alternativa ou pedido de negociação suplementar, pelo que o ME dá por concluídas as negociações, prosseguindo a aprovação dos respectivos instrumentos legais.
3 – O ME, mantendo a abertura de sempre, respondeu positivamente à vontade dos sindicatos, expressa publicamente, de realização de uma reunião sem pré-condições, isto é, sem exigência de suspensão da avaliação até aqui colocada pelos sindicatos. Foi por isso agendada uma reunião para o dia 15 de Dezembro, com agenda aberta.
4 – Os sindicatos foram informados que o ME não suspenderá a avaliação de desempenho que prossegue em todas as escolas nos termos em que tem vindo a ser desenvolvida.

A falta de vergonha e o oportunismo não têm limites!
Mas em que mãos se foram meter estes professores...

Francisco disse...

MFerrer

Acho graça a este BOMBÁSTICO "Ultima Hora" como se fosse alguma coisa a que os professores não estivessem habituados.
Esse "Comunicado" já todos os professores receberam nos seus emails, coisa portanto que, de "última hora" nada tem pois é mais que conhecido e NADA de NADA traz de novo.
Já conhecemos os TRUQUES deste Ministério. Nem ligo, NEM QUERO SABER o que ele para lá diz. NÃO TEM QUALQUER INTERESSE !!!!!!!!!!

Mas recupero a sua preocupação quando diz "em que mãos se foram meter estes professores".
Tem toda a razão.
Uma ministra que diz que não muda nada, depois diz que afinal já é um modelo muito burocratizado e com erros grosseiros, depois "simplifica" - diz ela - não sei quantas vezes, depois acha que essa simplicação se pode manter por não sei quantos anos e depois vem, finalmente, sem vergonha naquela cara (a Odete Santos chamou-lhe trombas, não sei se sabe) dizer que SUBSTITUI ESTE MODELO por OUTRO no próximo ano porque este não presta mas ... IMAGINE-SE ... para este ano fica este ... é mesmo de QUEM NÃO VALE A PONTA DE UM ... chavo, para ficar por aqui.
Um capricho, uma BIRRA de quem está atarantada e não sabe o que quer.
Faz lembrar os miúdos da escola primária quando, não lhe reconhecem qualquer jeito, capacidade e valor para jogar à bola no recreio, argumentam com um categórico: "a bola é minha".
Que lhe faça bom proveito.
Tem toda a razão, OBRIGADO:
"em que mãos se foram meter estes professores".

Por mim, com ESTE MODELO, digo-lhe já que NÂO SEREI AVALIADO, NEM QUE CHOVAM PICARETAS.
COMIGO, "a dona da bola", ou não joga ou vai jogar sózinha.

Ah ... Não sou sindicalizado, aceito os sindicatos "q.b." não sou comunista e como professor, votar no PS ... JAMÉ.