BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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sábado, 29 de maio de 2010

ANGOLA, 50 ANOS DE PETRÓLEO (6)

12 - Petróleo não convencional


Os mais otimistas argumentam que o petróleo nunca faltará, até se descobrir uma outra fonte de energia. Este otimismo é alimentado com a esperança de que se descobrirão mais jazidas no mar, à medida que se vão aperfeiçoando ou aparecendo tecnicas mais evoluídas de prospecção e exploração.

No Canadá, em Alberta na bacia do rio polar Atabasca, existem milhões de toneladas de areias betuminosas que depois de processadas fornecem petróleo. A possança destas areias, convertíveis em petróleo, é simplesmente colossal, da ordem de 3 vezes as reservas da Arábia Saudita. A extração das areias é feita por processos de terraplenagem com gigantescas máquinas. As areias são aquecidas e depois processadas. O processamento é violento em termos ambientais, pois para se obter um barril de petróleo (159 litros) movimentam-se 2 toneladas de areia e é libertado para a atmosfera um volume de CO2 de 3 a 5 vezes maior do que o usual na obtenção do petróleo convencional. Escusado será dizer que os danos ambientais são inimagináveis. Podemos afirmar que, com estas areias a humanidade não sucumbirá com a depleção do petróleo, mas morrerá com a “sufocação” provocada pelo excesso de CO2.

O Canadá já extrai, por este processo, cerca de 1 milhão de barris diários. Em Alberta a Greenpeace está atenta e atingem muitas dezenas os seus constatantes e acerados protestos.

Na bacia do rio Orenoco, na Venezuela, existem iguais jazidas de areias betuminosas na mira das grandes multinacionais de petróleo, em uma área de 12 000 km2.

Fig 31 Uma pá-escavadora (shovel) carregando um camião fora de estrada em Alberta. Cada balde tem 20 m3 ; o camião transporta, em uma unica viagem, 200 t (100 m3) de material betuminoso.Pode ver-se ao fundo a profundidade da possança das jazidas.

Fi 32 Areia betuminosa de Alberta no Canadá. A possança é colossal, pode-se obter um numero de barris de petróleo 3 vezes superior ao da Arábia Saudita mas só após processamentos muito energívoros e poluentes. Na bacia do Orenoco (Venezuela) existe uma possança da mesma ordem de grandeza. Deus nos valha!
Fig 33 Xisto betuminoso: diferente das areias betuminosas, é mais compacto mas dele se podem, também, obter mihões de barris de petróleo através de processamentos cinco vezes mais danosos para o ambiente do que os utilizados na obtenção do petróleo convencional. Será que vale a pena obter-se uma tal vitória pírrica?

Fig 34 Uma escavadora gigante em operação nas areias betuminosas do Canadá. Ao fundo podem ver-se carrinhas vulgares umas anãs em comparação com as escavadoras. Dá para se aquilatar os colossais depósitos existentes na área. É uma Arábia Saudita de petróleo, mas em estado sólido.Há já umas teorias estapafurdias preconizando injectar o CO2, proveniente da produção e queima de petróleo no mundo, no solo, ou seja adoptando a velhíssima ação de despachar o lixo para debaixo do tapete. Uma outra ação, ainda mais anedótica, é a descoberta pelos bancos: os países não desenvolvidos, com quotas de CO2 abaixo dos limites, podem vendê-las aos países infractores (créditos de CO2) ou seja pode sempre continuar o “regabofe” da queima indiscriminada de combustíveis fósseis. Trata-se de duas incríveis operações: proteger os países que não têm competência para reduzir a taxa de gases de estufa e abrir mais uma frente de especulações bancárias oferecendo serviços virtuais, desta vez um gás.Já não bastaram as casas e os créditos malparados!

Fig 35 Camião gigante, fora de estrada, que faz os transportes de areia betuminosa em Alberta no Canadá.O petróleo não convencional é inicialmente processado como solo, através de terraplenagens. Posteriormente será aquecido com vapor de água, Obtém-se um óleo viscoso que será processado em refinarias. Muita energia gasta e muitos danos ambientais em cima de um rio polar, o Atabasca.


13 - Conclusões

1) A pertinácia do governador-geral Silva Carvalho em 1952 conseguiu que Lisboa autorizasse as primeiras sondagens de petróleo em Angola, nos arredores de Luanda. A concessão foi entregue a uma firma de capitais maioritários belgas.

2) O petróleo em Angola jorrou pela primeira vez em 1954. Foi, de imediato, construída uma refinaria que lançou os primeiros produtos em 1957. Angola passou a ser auto-suficiente para o seu pequeno consumo. As prospecções viraram-se para Cabinda, dada a fraca possança das jazidas proximas de Luanda.

3) Em 1966 jorrou petróleo em Cabinda em volumes que provocaram entusiasmos, preocupações e acenderam luzes amarelas de aviso (optimistas) dentro das multinacionais, e vermelhas (pessimistas) para o governo de Lisboa. Em 1973 o volume de divisas do petróleo sobrepujou o do café, até então o maior suporte económico de Angola. Não citamos os diamantes porque a sua extracção e comercialização passavam ao arrepio da balança comercial angolana. Abordaremos os diamantes em posterior ensaio.

4) Sintomaticamente em 1974, um ano depois, iniciou-se o processo de descolonização: Portugal foi obrigado a proclamar a independência de Angola, ou seja a “largar” rapidamente as riquezas petrolíferas.

5) Foram dificeis e confusos os primeiros anos da independencia. Nós, naquela santa ignorância que caracteriza os bem-intencionados (e mal informados especialmente) julgávamos qua as multinacionais do imperialismo norte-americano tinham os dias contados em Angola. Elas eram sempre um alvo dos movimentos independentistas.Mas o impossível, visto pela nossa otica, aconteceu: as multinacionais continuaram e a sua segurança acabou por ser feita por tropas, pasme-se, ... cubanas com o auxílio secreto da ...KGB. ´

6) Duas guerras civis, uma a seguir à independência e outra depois de 1991 atrasaram a exploração petrolífera. Em 1973 a produção era de 158 900 barris diários mas decresceu até 1976 com 46 530 barris; a partir deste ano foi um crescendo até à atualidade, quase a atingir os 2 milhões de barris diários, ultrapassando a Nigéria que está sob perturbações inerentes a guerrilhas internas.

7) Dependendo da produção anual o petróleo de Angola durará mais de 15 anos.

8) Quais foram as consequências para Angola de tanto petróleo? Como se lidou no país com tanto dinheiro? Será o tema de um nosso próximo ensaio “As fases da economia de Angola”.
Luiz Chinguar
Maio 2010

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